Por Marcio Curvello*
No último dia 12 de maio, meu olhar fotográfico encontrou abrigo em um dos cenários mais deslumbrantes e simbólicos da cidade do Rio de Janeiro: o Real Gabinete Português de Leitura. Mais do que um simples ponto turístico, o espaço é um verdadeiro templo da cultura, onde cada detalhe arquitetônico e cada estante repleta de livros nos convida a uma viagem no tempo.
Fundado em 1837 por imigrantes portugueses, o Gabinete representa um elo vivo entre o Brasil e Portugal, guardando em suas prateleiras mais de 350 mil volumes, muitos deles raridades da literatura lusófona. É um patrimônio não apenas bibliográfico, mas visual: sua fachada em estilo neomanuelino e o interior com estantes de madeira entalhada, vitrais coloridos e a impressionante claraboia central formam uma composição cênica que encanta qualquer fotógrafo ou amante da história.
Ao fotografar, busquei registrar não apenas a imponência arquitetônica, mas também a atmosfera de silêncio reverente e inspiração que envolve cada visitante. Fotografar nesse ambiente foi como captar a respiração pausada do tempo – um exercício de contemplação e respeito à memória cultural.
Visitar o Real Gabinete Português de Leitura foi uma experiência estética, intelectual e afetiva. É mergulhar nas raízes da nossa história, reconhecer a força da palavra impressa e valorizar o patrimônio que resiste e floresce em meio ao caos urbano. Recomendo a todos esse encontro com a beleza, o conhecimento e a ancestralidade – e, se possível, com uma câmera nas mãos e o coração aberto.
*Carioca, Fotojornalista, Graduado em Fotografia e Pós-graduado em Jornalismo.DRT 0042122/RJ